Na Idade Média, o chamado à pobreza espiritual causava estranheza a muitos, e pelo visto, só as pessoas muito devotas se envolviam com isso. Erasmo de Roterdã (1469-1536), humanista católico do século XVI, contou a história do apóstolo Pedro tentando entrar no céu. Infelizmente, para ele, o papa não o permitiria entrar porque Pedro era muito pobre. Satiricamente, Erasmo observou o quanto os papas tinham se distanciado do primeiro papa. De acordo com eles, o verdadeiro cristianismo estava na riqueza e regalia, e o falso cristianismo estava na escassez e pobreza. Como disse Erasmo no seu famoso tratado intiulado Elogio da Loucura: "Você encontrará algumas pessoas tão absurdamente religiosas que logo elas suportarão até as mais grosseiras zombarias ditas contra o próprio Cristo e sequer ouvirão alguém dizer algo de leve sobre o papa ou um príncipe, sobretudo se for algo que diga respeito ao lucro que eles têm".
Hoje, enfrentamos etos semelhante com o surgimento do cristianismo da prosperidade, saúde e dinheiro que se espalhou por todo o mundo. Esses adeptos promulgam que Deus quer que sejamos felizes. Como é evidente que a felicidade está diretamente relacionada ao nosso bem-estar físico e material, eles afirmam que o desejo de Deus para nós tem de ser saúde e segurança financeira. A conclusão a que eles chegam é que se a nossa experiência pessoal fica abaixo de tais ideais, somos culpados por nossa falta de fé e confiança em Deus.
Esse ponto de vista resulta no que denomino de "chantagem espiritual". Eles dizem aos novos adeptos que, caso não tragam dinheiro para a igreja - entendido geralmente como dízimo, mas na maioria das vezes chamado "semear dinheiro" - não serão abençoados financeiramente por Deus. De maneira recíproca, caso eles ponham o dízimo diante do altar, Deus lhes dará bênçãos multiformes.
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Nossa pequena igreja crê que a Bíblia é a inerrante Palavra de Deus e a autoridade infalível para a nossa vida. Pregamos o evangelho em sua plenitude, a necessidade de arrependimento e fé na obra expiatória de Jesus e a obra salvífica de Cristo como único Mediador e Salvador.
A outra igreja ensina os seus membros que Deus deseja que sejam felizes e saudáveis, tendo estabilidade financeira e corpos sãos. Eles creem que um copo de água abençoado toda manhã pelo pastor e bebido pelos congregados os protegerá durante o dia, e que Deus exige que a fé seja expressa levando-se os dízimos à igreja todas as semanas. Muito semelhante a um caça-níqueis, o número certo de moedas ofertado à igreja garante que eles terão um retorno de Deus em termos de saúde.
Extraído de Dez Coisas Que Eu Gostaria Que Jesus Nunca Tivesse Dito, p. 20-22. Tem mais coisa, é que tô com preguiça de digitar, rs.
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